terça-feira, junho 22, 2010

“Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste”

Desde o dia em que o grande José Saramago nos deixou, venho pensando sobre o que postar a respeito. Se falaria sobre suas obras, sobre sua vida pessoal (Que não era muito distinta da profissional), se do seu jeito brilhante de ver o mundo, se o taxaria de ateu atuante, se descreveria suas críticas a igreja. Se falaria de alguém que é capaz de zangar-se com seu país, e ir embora. Enfim, há tantas coisas para falar e que talvez não falaria com o ar e a graça que ele mereçe, vou deixar que suas próprias palavras digam:

"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente
e entra em nós uma grande serenidade,
e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável:
O contorno, a vontade e os limites
Podemos então dizer que somos livres,
com a paz e o sorriso de quem se reconhece
e viajou à roda do mundo infatigável,
porque mordeu a alma até os ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos Baste."



"Os anjos existem para tornar-nos a vida mais fácil, amparam-nos quando vamos cair ao poço, guiam-nos no perigoso passo da ponte sobre o precipício, puxam-nos pelo braço quando estamos quase a ser atropelados por uma quadriga sem freio ou por um automóvel sem travões. Um anjo realmente merecedor de Jesus (...)"


Talvez agora ele seja um anjo...



Por: Érica Samara

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