Fios do Saber

Aprendendo a andar

Eu esperei tanto por isso, agora é tão claro que mesmo estando no escuro eu posso ver. Estou aprendendo e não há mais o que esconder e nem esquecer. Coisas não tão difíceis de pensar mais que antes não vinham à minha cabeça, me sinto como se estivesse aprendendo truques que uma menina de 13 anos já sabe. Mas pelo menos enfim eu aprendo. Você não é tão simples assim e essas minhas aprendizagens são muito lentas, tenho medo de não conseguir te acompanhar. Não é sempre que eu me entendo e me interpreto então alguém faz isso por mim mais ai não tem nada de prazer porque você lê a sua maneira e eu perco a identidade. Essas suposições de aprendizagem me animam, mais a verdade é que nada me completa e ainda estou vazia pra tudo. Mesmo em algo que me faria encher um pedacinho desse vazio não me acho perfeitamente porque tudo que penso já foi um dia pensado e relembrado, tudo que poderia ser meu já foi empossado, tudo que poderia ter o meu nome já foi nomeado e o que poderia ter a minha identidade já foi carimbado. Não há nada em que eu seja passadamente boa nem algo que me interesse pausadamente. Já não tenho mais listas de prioridades e nem desejos impossíveis pra realizar, já não tenho o desejo de recomeçar e nem a vontade de caminhar, tenho medo de dar passos, o abismo está logo ali. Meus desejos não giram em torno dessa estação, estão em outros planos junto com aqueles que já se foram. Minhas expectativas estão junto daqueles que não podem falar. Então agora eu me contento com essas meras notas de aprendizagens abstratas.

Por Érica Samara